Cidades Portuárias Inteligentes do Atlântico
Em 2017, o contexto socioeconómico geral do Arco Atlântico (AA) é um pouco sombrio. A baixa competitividade regional e os indicadores do mercado de trabalho, o potencial de capital humano retido, os níveis de gastos em I & D que se encontram abaixo da média da UE, apontam para uma relativa desvantagem estrutural.
Estas deficiências são agravadas por baixas densidades demográficas e económicas (tornando difícil a obtenção de economias de escala e de aglomeração), problemas de acessibilidade para os espaços centrais da União Europeia e níveis reduzidos de eficiência no que respeita a Parcerias Público-Privadas.
Apesar destes constrangimentos, o AA beneficia de uma forte dimensão marítima, reforçada por uma rede de cidades portuárias tradicionais, onde as indústrias marítimas podem criar clusters prósperos e uma integração territorial que se estenda para lá da estrita faixa costeira, podendo, assim, alargar-se a espaços do interior. Além disso, coexistem várias áreas metropolitanas e pólos de educação superior.
A região do Arco Atlântico constitui um espaço de impacto de uma série de eventos atuais / futuros: (i) o alargamento do Canal do Panamá que, ao duplicar a sua capacidade, desafia diretamente o potencial dos portos do Arco Atlântico para enfrentar a expansão do tráfego marítimo; (ii) as negociações da ONU sobre o alargamento da plataforma continental que, no caso de alguns Estados-Membros, significará áreas marítimas maiores do que a Índia, abrindo enormes possibilidades em setores como a biotecnologia azul ou energias renováveis, que exigem novos serviços de suporte a serem localizados nas áreas urbanas próximas; (iii) a "conexão ártica", que significa a contínua elevação do nível médio das águas do mar e a criação de novas rotas marítimas.
Esta Tese de Doutoramento irá analisar e propor um conjunto de estudos e de políticas para estimular as cidades portuárias marítimas do Arco Atlântico a tornarem-se "inteligentes", nomeadamente na dupla dimensão económica (portos mais competitivos, investimentos em infraestruturas e serviços marítimos, aumentar o turismo marítimo, ex.) e ambiental (aumento do nível do mar, nova diretiva da UE sobre Gás Natural Liquefeito - GNL). Todas estas análises terão em linha de conta as respetivas necessidades no que diz respeito ao planeamento do espaço marítimo à escala da região atlântica. Se for bem sucedida, a região do Arco Atlântico pode-se tornar a verdadeira "Porta de Entrada para a Europa Ocidental"
Comunidades Costeiras Portuguesas em Mundança
(Análise de ligações inter e intra-setoriais, emprego, resiliência e igualdade de género)
A maioria das pessoas em todo o mundo vive em grandes centros urbanos de dimensão cada vez maior. Em Portugal, muitos desses centros urbanos estão localizados nas regiões costeiras. Historicamente, a base económica das pequenas comunidades costeiras baseou-se em atividades produtivas marinhas, em particular, a prática da pesca. Recentemente observou-se uma quebra no setor pesqueiro; No entanto, as comunidades baseadas em setores relacionados - como aquicultura, indústria de conservas de peixe, portos e transportes - estão a observar um crescimento económico misto/diversificado.
A estrutura do setor marítimo está mudança, criando sérios desafios para algumas destas comunidades, que são forçadas a reestruturar as suas atividades económicas e diversificar o seu tecido produtivo dentro do setor marítimo, aqui entendido como um todo. Este processo exige a criação de redes de serviços e de indústrias firmemente ligadas, potencialmente intraindustriais, onde cada uma delas depende de fluxos de inputs dos seus fornecedores e de clientes dos setores de transformação para adquirir os seus produtos (outputs).
Este projeto pretende utilizar a Matriz de Input-Output (IO) para quantificar as ligações entre os diferentes setores marinhos / marítimos e avaliar quais são os mais importantes para a continuação da existência- ou mesmo do crescimento futuro - do setor marítimo / marítimo em Portugal. Embora o turismo litoral seja geralmente o maior empregador nas pequenas comunidades costeiras, o nível de emprego nas pescas (incluindo aquacultura e conservas) é mais importante que noutros tipos de comunidades
A incapacidade de construir e manter um conjunto de ligações intrassectoriais significativas, absolutamente necessárias para diversificar os novos setores marinhos, representa um grande risco para o futuro das comunidades costeiras, condição que poderá ser exacerbada pelas mudanças climáticas no meio marinho.
Por outro lado, a análise quantitativa Input-Output "tradicional" (com cálculos de multiplicadores de tipo 1 e 2, ligações "para a frente" e "para trás", índices de dispersão, campos de influência), será completada por inquéritos e questionários a efetuar a stakeholders locais, regionais, nacionais e internacionais, bem como a especialistas da Administração Pública, sobre as perspetivas futuras do setor. As organizações de produtores (OPS) serão fundamentais neste domínio de pesquisa.
O declínio dos setores marinhos tradicionais terá um efeito desproporcional sobre a segurança e, portanto, sobre o bem-estar social de certas comunidades, exigindo respostas políticas e de governança específicas e adequadas ao contexto local, a fim de aumentar a resiliência dessas mesmas comunidades.
Em particular, este estudo pretende enfatizar as questões de gênero nas comunidades costeiras. O papel das mulheres tem sido central - embora não reconhecido - em atividades como conservas, comércio de peixe, crustáceos, recolha de moluscos bivalves ou manutenção das redes de pesca. Pelo reconhecimento do papel que as mulheres desempenham no setor, esperamos encontrar novas formas de criar resiliência comunitária, identificando muitas das estruturas "invisíveis" que podem dinamizar novos negócios.
Indicadores de Eficiência dos Setores Marítimos
Pesquisa dos indicadores de eficiência utilizados nos diferentes Estados-Membros para os principais setores marítimos (portos, reparação naval, transportes, etc.). Esta pesquisa será desenvolvida em conjunto com a Direção Geral Portuguesa de Política Marítima.